sábado, 25 de julho de 2009

Cala a boca pensamento...





...ou eu te enfio uma faca!




Ultimamente ando pensando sobre a sinceridade e as pessoas. Aliás ando tendo crises de sinceridade... E o pior é que elas costumam ser quase sempre meio (ou inteiramente) desastrosas. Não queiram saber! Enfim, acho que falar salva (e é obvio que calar tbm). Creio que em razão dessas crises, tenho ocupando meus pinos cerebrais com a seguinte questão: E SE DESSE A LOUCURA DA FRANQUEZA? O que diriam as pessoas às outras? Afinal de contas a sinceridade destrói castelos de areia. É a realidade sem anestesia. Ela não estimula reticências, não teatraliza as relações humanas, não falsifica impressões. A sinceridade encerra qualquer discussão, ainda mais num mundo tão intoxicado por falsidades.
Eu errei! Eu traí! Eu me iludi! Eu sou assim! Eu odeio trabalhar! Eu disse "eu te amo" sem ter certeza! Não uso filtro solar! Dirijo depois de beber! Que merda que eu dei! Que merda que eu não dei! Já pensei em suicídio! Me arrependo de ter filhos (ou de não ter tido)! Não perdôo meu pai! Casei por dinheiro! Tenho medo da solidão! Perdi oportunidades! Fui injusta com algumas pessoas! Vacilei com outras! Estou sem paciência com o mundo! Não tenho talento! Tive sorte! Não passei a perna em ninguém! Nunca menti pra me safar! Menti demais para não magoar! Nunca inventei personagens! Inventei vários personagens! Não sei direito quem sou! Não sei a resposta! Não sei! Não sei!!!

A sinceridade é soberana.
Emudece. É tão inesperada que impede retaliações.
A sinceridade é o ponto final.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Hoje deu vontade!

Hoje deu vontade de acordar 11:00 hs e não sair da cama. Bateu aquela vontade de ir na padaria sem hora pra voltar, escolher pães, doce, bater papo com desconhecidos, trocar idéias a respeito do picolé mais gostoso, o chocolate ou suco novo... "experimenta!"... Fiquei com vontade de ler o livro que está na cabeceira há meses, de calçar chinelo e meia, de vestir a roupa mais velha, a melhor de todas, de prender os cabelos e ficar de pernas pro ar. Hoje eu não quis ter compromisso, desliguei o telefone, vi a novela da tarde (como é mesmo o nome da novela?). Amanhã eu vou sair andando sem rumo, eu e Pedro, vamos ver o por do sol, ficar olhando os carros passando e perguntar: o que tanto essas pessoas fazem q não conseguem parar? Hoje eu acordei com vontade de acalmar os nervos, relaxar e dizer? TÔ DE FÈRIAS!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

...porque só sei ser íntima.

"Marli de Oliveira, eu não escrevo cartas pra você porque só sei ser íntima. Aliás eu só sei em todas as circunstâncias ser íntima: por isso sou mais uma calada. (...) O futuro da tecnologia ameaça destruir tudo o que é humano no homem, mas a tecnologia não atinge a loucura; e nela então o humano do homem se refugia."


( Do conto Tempestades de Almas - da Clarice também)




Bjokassss pros meus mais íntimos, ou seja... pra todos, pq eu tbm acho q eu só sei ser íntima rs

domingo, 12 de julho de 2009

... o amor pelo mundo me esperava

(...) Mas possuia o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitara. E que talento tinha paraa crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe
emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuia As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passassse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

(...) guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.



(...) Como contar o que se seguiu? Eu estava estoteada e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importava. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Cheguei em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Ás vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
(Clarice Lispector - Felicidade Clandestina)




Abraço pros meus queridos pupilos. Amanhã é dia e a gente vai tá feliz pq as férias tão chegando... rsrs êeeba!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

...como se eu tivesse bebido demais

Este post é pro Rafa Figueira pq eu acho q ele, tbm se sente sempre um pouco como se tivesse bebido demais.




"Eu me sinto tornar dia a dia mais sensível e mais emocionável. Um nada me põe lágrimas no olhos. Há coisas insignificantes que me pegam pelas entranhas. Eu caio em divagações e distrações sem fim. Eu me sinto sempre um pouco como se eu tivesse bebido demais."



(Gustave Flaubert, Cartas Exemplares)







Pra quem quiser ler, tem um post antigo aqui, do ano passado, quando eu comecei a postar, que fala do Flaubert, o título é: Madame Bovary, nós te entendemos!!! Quem quiser, dá uma olhada lá... Ficou legal o texto, o assunto é interessante. Sei lá... eu pelo menos acho.



domingo, 5 de julho de 2009

Ser árvore...

" Para entrar em estado de árvore
é preciso partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescerem nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até o mato sair na voz.
Hoje eu desenho o cheiro das árvores."
(Manuel de Barros)
"Árvore da vida, árvore querida,
perdão pelo coração que eu desenhei em você,
gravado com nome do meu amor." (Arnaldo Antunes e Jorge Bem Jor)
Uma semana beeeem oxigenada, respirante, antisufocante!!!
Cheiros de árvores pra todo mundo respirar mais e melhor!