terça-feira, 4 de agosto de 2009

e Riobaldo continua....


(...) O que mais penso, testo e explico: todo-o-mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara da loucura. No geral. Isso é que é salvação-da-alma... Muita religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religiaão. aproveito de todas. Bebo água de todo rio... Uma só, pra mim é pouca, talvez não me chegue. (...) Tudo me quieta, me suspende, qualquer sombrinha me refresca. Mas é só muito provisório. Eu queria rezar - o tempo todo.


Olhe: tem uma preta, Maria Leôncia, longe daqui não mora, as rezas dela afamam muita virtude de poder. Pois a ela pago, todo mês - encomenda de rezar por mim um terço, todo santo dia e, nos domingos um rosário. Vale, se vale. (...) E estou, já mandei recado para uma outra, do Vau-Vau, uma Izina Calanga, para vir aqui, ouvi de que reza também com grandes meremerências, vou efetuar com ela trato igual. Quero punhado dessas me defendendo em Deus, reunidas de mim em volta...


Viver é muito perigoso... querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querer o mal, por principiar. (Riobaldo em Grande Sertão)

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