domingo, 6 de abril de 2008

Pros que estão em casa...

ÀS VOLTAS COM FOUCAULT

Divagações de uma ainda aspirante a analista de discursos



Depois de um tempo afastada deste camarada que tanto me acompanhou durante quase três anos de estudo, venho sobre ele me debruçar novamente. Mais especificamente, escrevo hoje, sobre"A Ordem do Discurso". Livrinho pequeno, de umas 80 páginas, coisa de ler rápido. Na contrapartida, o conteúdo do livro é imenso. De fazer pensar muito. Motivo pelo qual estou inaugurando este Blog. Mas porque "A Ordem do discurso"? Penso que escrever aqui, em uma rede tão aberta, requer a instauração de alguma ordem. Mas que esta tal ordem, não seja interpretada como controle ou falta de liberdade ou qualquer idéia de censura. Assim, eu começo essa reflexão sobre o ato de dizer alguma coisa, questionando o ato de ouvir. Se hoje tanta gente fala que não sabemos ouvir, é porque talvez haja pouco interesse dos que falam em "saber falar". O esforço de elaborar a linguagem, de buscar diálogo, de dizer sem violência, é só o que podemos chamar de comunicação. Penso que este esforço e esta busca pelo ato de dizer, só valerá a pena se realmente conseguir realizar algum tipo de comunicação que seja verdadeira e honesta. Sendo assim, dizer algo só tem a ver com as pessoas, se houver alguma interação, só tem a ver com à família se conseguir realizar o amor, e só terá a ver com a escola se conseguir realizar o conhecimento. Foucault diz que o discurso não é só um mecanismo de poder, uma estratégia para convencer ou ludibriar o outro, é também um objeto de desejo. Todos querem dizer. Todos querem ser ouvidos. Vivemos obsecados pelo discurso, esse objeto despertador de desejos, e dos mais ardentes por sinal. Afinal, querer o discurso é querer o poder. Poder, por sua vez, é algo que pode ser bom ou mau, depende da ética com que é exercido. Ética, aliás, é sempre o mais difícil, porque ninguém sabe muito bem o que significa ser ético diante de valores tão relativos em sociedades tão confusas e esquisitas. Que deva haver ética na comunicação entre as pessoas. Será que o único jeito sincero e honesto de falar algo, não seria justamente mostrando tudo o que há por trás do que dizemos? Será que é possível ter um acesso tão profundo ao que se diz? A pergunta que resume isso tudo é simplesmente a mais cruel de todas: será que sei o que digo?


Abraço aos meus amigos da UENF, em especial para o Sérgio, que tanto me ensinou, muito por saber me ouvir.

4 comentários:

Fran disse...

Renata, adorei o seu blog, ficou muito interessante, tomara que você poste algum texto pra nossa turma também.

Beijo amiga.

Renata disse...

Claro, vou postar sim, pode ficar tranquila. Afinal a minhas "inspirações" rsrs, se é q posso chamar assim, surgem na maioria das vezes em sala de aula, Obrigada pelos seus cometários lindinha. Bjão e até mais

Viviane Resende disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Núcleo de Estudos de Linguagem e Sociedade disse...

Oi Renatinha!
Que lindo seu blog, que descobri hoje!
Beijos da Vivi.